Jun, 2019
A.C.A.L.M.E-S.E: Técnica para controlar ansiedade e estresse
Jun, 2019
As Diferentes Manifestações do Autismo
O autismo pode se manifestar em um espectro de problemas que variam de intensidade e tipo, por isso que o distúrbio é classificado de maneira mais geral, como desordens do espectro. Por apresentar diversos sintomas e níveis, o próprio diagnóstico para a desordem do espectro autista é bastante individualizado e subjetivo.
Uma criança com um autismo leve como a síndrome de Asperger, por exemplo, pode conversar, frequentar escolas normais e ter uma vida independente quando envelhecer. Asperger é uma forma de autismo mais branda. Seus portadores apresentam os três sintomas básicos (dificuldade de interação social, de comunicação e comportamentos repetitivos), mas suas capacidades cognitivas e de linguagem são relativamente preservadas, alguns portadores até mesmo apresentam níveis de QI acima da média.
Portadores do autismo ‘clássico’ têm comprometimento das capacidades cognitivas que varia de moderado a grave, além da dificuldade de interação social, de comunicação e do comportamento repetitivo, são chamados de autistas de ‘alto funcionamento’. O médico Leo Kanner, para descrever esse tipo de autismo utilizou expressões como ‘solidão autística’ e ‘insistência na mesmice’.
E também existem os autistas do tipo regressivo que são aqueles que se desenvolvem normalmente até aproximadamente 1 ano e meio, e em seguida, até os 3 anos, sofrem regressão da linguagem e do comportamento tornando-se autistas.
Existem pesquisas que tem o objetivo de melhorar esses quadros, como a pesquisa com o hormônio Oxitocina. Pelo fato desse hormônio estar relacionado a comportamentos afetivos e relações interpessoais, pode ajudar essa população, sendo que, alguns estudos já comprovaram que pessoas com algum tipo de desordem do espectro autista possuem menos oxitocina no sangue periférico.
Esse estudo sugere que sob efeitos da ingestão do spray nasal de oxitocina desenvolvido por cientistas, autistas poderão ter uma melhora no engajamento social, como a presença de contato visual e a habilidade de se relacionar com outras pessoas.
Outro projeto que poderá ajudar muitas pessoas com autismo a terem um melhor desenvolvimento e melhores oportunidades de tratamentos de maneira mais precoce, é o projeto de pesquisa genética realizado no Brasil voltado para a identificação de genes-candidatos à desordem e células-tronco. A ideia é tirar células-tronco dos dentes de leite de crianças autistas, colocá-las em cultura e, com o tempo, diferenciar essas células em neurônios e em seguida, os cientistas tentarão introduzir esses neurônios no sistema nervoso para suprir algumas falhas no processamento cerebral, numa técnica chamada de ‘reengenharia dos neurônios’. A estimativa é que em até uma década seja possível realizar intervenções terapêuticas. Isso será um grande passo para que muitas pessoas possam se beneficiar dessa pesquisa, já que se estima que 90% das causas desse transtorno são por fatores genéticos.
Fonte:
Jun, 2019
Funções Executivas e a Aprendizagem
As funções executivas do cérebro são tidas como um conjunto de habilidades, que integralmente possibilitam que a pessoa direcione comportamentos a objetivos, realizando ações voluntárias que operam por meio de redes neurais interativas e sobrepostas, distribuídas nos córtices de associação, principalmente no córtex pré-frontal, considerado o centro executivo do cérebro.
Uma lesão nessa região poderia causar déficits na retenção de aprendizados. Como no caso de Phineas Gage, que após ter sobrevivido depois de uma barra de metal atravessar seu crânio, mudou seu humor drasticamente e também era incapaz de executar tarefas longas ou adaptar-se às normas, o que exigira associação entre aprendizados já estabelecidos com novas informações. Necessitando da atuação da memória de trabalho que se trata de um sistema de capacidade limitada, que mantém e armazena informações temporariamente, de modo a sustentar os processos de pensamento humano, fornecendo uma interface entre percepção, memória de longo prazo e ação.
Existem algumas hipóteses sobre como ocorre esses déficits na aprendizagem. Uma delas é a teoria construtivista que diz respeito a interação do sujeito com um objeto, para uma criança aprender, reter, e ser capaz de evocar algum novo conceito, é preciso que se tenha um gerenciamento contínuo de suas memórias já formadas, que irão se moldar e se fundir aos novos conceitos recém adquiridos. Esse gerenciamento é tido como a função executiva. Além disso, é provável que as habilidades cognitivas e morais se estruturem gradualmente nos períodos pré-operatório e operatório em função do lento processo de mielinização e amadurecimento que o córtex pré-frontal sofre durante esse período.
Outra hipótese é a visão interacionista, na interação entre sujeitos, a função executiva também estabelece a ligação entre as memórias já formadas e as informações vindas do meio, através do processo de interação social e do contato interpessoal. Assim, os déficits de aprendizado talvez sejam déficits executivos relacionados com a atenção, ou com a memória de trabalho, ou com o controle inibitório.
Então, podemos concluir que, o que pode estar acontecendo com essa criança ou esse adulto que tem tais dificuldades, é que eles talvez não estejam conseguindo usar o que aprenderam.
REFERÊNCIA
MOURAO JUNIOR, Carlos Alberto; MELO, Luciene Bandeira Rodrigues. Integração de três conceitos: função executiva, memória de trabalho e aprendizado. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília , v. 27, n. 3, set. 2011 .
Jun, 2019
Teoria do Sistema Funcional de Luria
Como Alexander Romanovitch Luria formulou sua teoria?
Luria observou os modelos Localizacionista de Gall, Wernicke e Broca no qual cada área do cérebro era descrita como responsável por uma função mental específica e Unitarista de Hughlings Jackson, onde o cérebro em sua totalidade era tido como responsável por todas as funções. E Luria amplia a ideia de Anokhin (1898-1974) de Sistema Funcional, revisando os três conceitos: função, localização e sintoma e propôs, em síntese, que os dois modelos estavam certos e errados ao mesmo tempo. Então, baseou sua teoria em uma forma de sistema dinâmico, onde cada área cerebral seria responsável por uma especificidade, mas que agiriam em conjunto dinâmico e integrado em todo sistema nervoso.
Luria dá um exemplo de que assim como a função respiratória não é propriedade apenas do pulmão, mas sim do sistema respiratório inteiro, o sistema neural era um sistema funcional completo e complexo e não reduzida a poucos agrupamentos neurais específicos. A localização para Luria determina quais regiões do cérebro estrão trabalhando em conjunto para construir uma atividade mental complexa e o sintoma busca identificar o fator básico que está por trás do sintoma observado.
Luria estruturou o Sistema Nervoso Central hierarquicamente em três unidades funcionais, a primeira foi descrita como a responsável pela vigília e pelo tônus cortical que depende do tronco encefálico, onde tem uma rede neural chamada Sistema Reticular Ascendente que se comunica com a terceira unidade funcional. A segunda é a encarregada de receber, processar e armazenar as informações que chegavam do mundo externo e interno a partir dos sentidos. E a terceira unidade funcional regularia e verificaria as estratégias comportamentais e a própria atividade mental.
As 3 Leis Funcionais de Lúria
Luria também apresenta três leis que governam a estrutura de funcionamento das regiões corticais individuais.
A primeira é a lei da estrutura hierárquica que afirma que há uma síntese progressivamente mais complexa das informações que chegam. As áreas terciárias organizam a atividade das secundárias, que organizam a atividade da primária em uma rota ascendente nas crianças e descendente em adultos.
A segunda lei é a da especificidade decrescente, onde os neurônios das áreas primárias possuem uma especificidade modal muito grande que vai diminuindo nas áreas secundárias até se tornar multimodal nas áreas terciárias. Isto significa que os neurônios que estão presentes nas áreas primárias só executam atividades muito específicas e não processam informações diferentes para o que não foram designados. Já um neurônio das áreas terciárias, não só processa informações de origens diferentes, como de modais diferentes: consegue integrar estímulos auditivos com visuais, por exemplo.
A terceira lei é da lateralização progressiva das funções, aqui as áreas primárias fazem o mesmo papel nos hemisférios esquerdo (dominante), área especifica da linguagem e direito (subdominante) do cérebro, enquanto as secundárias e terceárias executam funções distintas. Os hemisférios são diferentes e desempenhem funções diversificadas, mas complementares.
Como o córtex Posterior é Organizado em seus Lobos
Seguindo estas três leis, todo córtex posterior é organizado em seus lobos da seguinte maneira:
No lobo occipital as áreas primárias recebem a informação visual do nervo óptico, criando cor, forma e movimento sendo processado e passando para o córtex secundário que percebe e forma a imagem visual que passam para as áreas terceárias que são comuns em todos os lobos.
No lobo temporal as áreas primárias são especializadas em ouvir frequências sonoras muito específicas, criando uma sensação auditiva, a área secundária une tais informações e consegue criar uma imagem auditiva e as áreas terciárias integram aos outros sistemas.
No lobo parietal as áreas primárias de cada neurônios processam áreas corporais distintas, aqui ocorre a representação corporal denominada Homúnculo de Penfield, por ter formato de um pequeno homem, que tem representações de partes humanas aumentadas. Há muito mais neurônios na área primária responsáveis em receber a estimulação destas regiões corporais do que de outras, como as costas, por exemplo. As áreas secundárias integram as informações que provém das áreas primarias, criando uma imagem tátil e novamente as áreas terciárias criam uma cognição complexa a partir destes estímulos e de outros estímulos sensoriais.
No lobo frontal o caminho é inverso, assim, a rota na terceira unidade funcional parte das áreas terciárias (intenção) para as secundárias (coordenação) para, finalmente, as primárias (movimento) que realizam o comportamento desejado.
Referências
ANDRADE, V. M.; SANTOS, F. H.; BUENO, O. F. A.Neuropsicologia Hoje. São Paulo: Artes Médicas, 2004
FUENTES, D.; MALLOY-DINIZ, L. F.; CAMARGO, C. H. P. (Orgs.) Neuropsicologia: Teoria e Prática. Porto Alegre: Artmed, 2008
GAZZANIGA, M. S.; HEATHERTON, T. F. Ciência Psicológica: Mente, Cérebro e Comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2005
KANDEL, E. R.; SCHWARTZ, J. H.; JESSEL, T. M.Fundamentos da Neurociência do Comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997
LENT, R. Cem Bilhões de Neurônios: Conceitos Fundamentais de Neurociência. São Paulo: Atheneu, 2001
LURIA, A. R. Fundamentos de Neuropsicologia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos; São Paulo: EDUSP, 1981.
Jun, 2019
O Que é Demência?
Jun, 2019
Subjetividade, Cultura, Representação Social e as Representações da Velhice
A subjetividade pode ser entendida como um sistema que produz e organiza sentidos subjetivos que o indivíduo absorve e internaliza ao longo do desenvolvimento sócio-cultural, caracterizando sua personalidade baseando-se na tensão entre os sentidos que apareceram no percurso de suas ações.
Sua história de vida e os próprios contextos atuais no qual o sujeito está inserido influenciam em suas representações de sentido que podem sofrer modificações e ganhar novas perspectivas. Podemos definir a subjetividade como algo particular, interno, que ao mesmo tempo em que se opõe ao mundo externo, surge do mesmo e toda a particularidade do sujeito, o faz ser diferente e único.
Quando nascemos somos inseridos em uma cultura com regras e normas para que consigamos viver em sociedade. Absorvemos os primeiros valores dos nossos pais que são transmitidos conforme sua própria história de vida.
As mudanças causadas pelo tempo também influenciam na mudança cultural e comportamental das pessoas, e novas configurações familiares surgem e a própria instituição família vem se tornando obsoleta. Os pais vivem cada vez mais em busca do sustento e a educação dos filhos é terceirizada, e os filhos acabam sendo treinados para o consumo sem critérios ou reflexão, sem falar das relações frágeis construídas através de redes sociais.
Na velhice, além das suas transformações características, à imagem sociocultural é influenciada por preconceitos e estereótipos negativos (Alencar & Carvalho, 2009; Laranjeira, 2010). O bem-estar dessa população depende das características do contexto social geradoras de desigualdades e vulnerabilidades que são as que mais interferem na independência funcional e na qualidade de vida (Geib, 2012).
As representações sociais que explicam esses fatores são ferramentas mentais, que operam na própria experiência, moldando o contexto em que os fenômenos estão enraizados, que não são apenas registros de dados ou sistematização de fatos, e não se mostram apenas de modo social, mas individual, que é importante para o conhecimento da pessoa. Por serem elementos simbólicos, as representações sociais apontam conhecimentos, opiniões, crenças e valores incorporados nas práticas das diversas situações vivenciadas e prosseguem ancoradas no campo da situação concreta orientando nossas ações individuais (Franco, Munhoz, & Andrade, 2012; Pedroso & Andrade, 2014).
Referencias
ALENCAR, M. S. S., & Carvalho, C. M. R. G. O envelhecimento pela ótica conceitual, sociodemográfica e político-educacional: ênfase na experiência piauiense. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, 13(29), 435-444, 2009. Disponível em:
FRANCO, M. L. P. B., Munhoz, M. L. P., & Andrade, M. S. Representações sociais de jovens sobre família. Educação & Linguagem, 15(25), 40-57, 2012. Disponível em:
GEIB, L. T. C. Determinantes sociais da saúde do idoso. Ciência & Saúde Coletiva, 17(1), 123-133, 2012. . Disponível em:
Jun, 2019
Psicologia do Esporte: além do físico com atletas de alto rendimento (TCC).
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