Funções Executivas e a Aprendizagem

As funções executivas do cérebro são tidas como um conjunto de habilidades, que integralmente possibilitam que a pessoa direcione comportamentos a objetivos, realizando ações voluntárias que operam por meio de redes neurais interativas e sobrepostas, distribuídas nos córtices de associação, principalmente no córtex pré-frontal, considerado o centro executivo do cérebro. 
Uma lesão nessa região poderia causar déficits na retenção de aprendizados. Como no caso de Phineas Gage, que após ter sobrevivido depois de uma barra de metal atravessar seu crânio, mudou seu humor drasticamente e também era incapaz de executar tarefas longas ou adaptar-se às normas, o que exigira associação entre aprendizados já estabelecidos com novas informações. Necessitando da atuação da memória de trabalho que se trata de um sistema de capacidade limitada, que mantém e armazena informações temporariamente, de modo a sustentar os processos de pensamento humano, fornecendo uma interface entre percepção, memória de longo prazo e ação.
Existem algumas hipóteses sobre como ocorre esses déficits na aprendizagem. Uma delas é a teoria construtivista que diz respeito a interação do sujeito com um objeto, para uma criança aprender, reter, e ser capaz de evocar algum novo conceito, é preciso que se tenha um gerenciamento contínuo de suas memórias já formadas, que irão se moldar e se fundir aos novos conceitos recém adquiridos. Esse gerenciamento é tido como a função executiva. Além disso, é provável que as habilidades cognitivas e morais se estruturem gradualmente nos períodos pré-operatório e operatório em função do lento processo de mielinização e amadurecimento que o córtex pré-frontal sofre durante esse período.
Outra hipótese é a visão interacionista, na interação entre sujeitos, a função executiva também estabelece a ligação entre as memórias já formadas e as informações vindas do meio, através do processo de interação social e do contato interpessoal. Assim, os déficits de aprendizado talvez sejam déficits executivos relacionados com a atenção, ou com a memória de trabalho, ou com o controle inibitório.
Então, podemos concluir que, o que pode estar acontecendo com essa criança ou esse adulto que tem tais dificuldades, é que eles talvez não estejam conseguindo usar o que aprenderam.

REFERÊNCIA

MOURAO JUNIOR, Carlos Alberto; MELO, Luciene Bandeira Rodrigues. Integração de três conceitos: função executiva, memória de trabalho e aprendizado. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília , v. 27, n. 3, set. 2011 .

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